quarta-feira, 20 de julho de 2011

INTENTONA COMUNISTA COMO ME CONTARAM...

A Intentona Comunista - Por Daisy Leite

Domingo, 27 de novembro de 2005, a TV Globo apresentou no "Fantástico," matéria sobre os 70 anos da maldita Intentona Comunista, quando militares e civis reverenciam na Praia Vermelha a morte de 29 militares e de mais de 1.000 civis, nessa data no Rio de Janeiro.

Na noite de 23/24 de novembro de 1935, no governo Rafael Fernandes no Estado do Rio Grande do Norte, soldados do 21º Batalhão de Caçadores, hoje Escola Winston Churchill, onde eclodiu o movimento, membros da Guarda Civil, demitidos e populares filiados secretamente ao Partido Comunista, criado em 1922, deflagraram na calada da noite um movimento revolucionário nas cidades do Natal, do Recife e do Rio de Janeiro, liderados pelo Luiz Carlos Prestes.

Era a Intentona Comunista de 1935 que durou de 23 a 26 de novembro..Lilita que se encontrava no quarto amamentando a sua filha, Diolita, foi pega de surpresa, como toda população, e não entendia por que pessoas invadiam sua casa e procuravam esconder-se no seu quarto, e até debaixo da cama, enquanto lá fora se ouvia barulho de vozes e tiros.

Os fregueses do bar A Cova da Onça, políticos e intelectuais, também surpreendidos pelos acontecimentos, juntamente com os proprietários Leonel e Diomedes, armaram barricadas para protegerem-se do tiroteio e lá passaram toda a noite.

Na manha seguinte, quando parecia ter acalmado os disparos, Diomedes preocupado, enviou um dos garçons, que saiu pela porta dos fundos do bar, para dar notícias e ver como estava a família.

Lilita entreabriu a janela e receosa olhou a rua. Viu queijos do reino rolando pelas calçadas, peças de tecidos jogadas na rua e outros produtos que testemunhavam os saques das casas comerciais. Mais tarde soube que até os cofres dos bancos haviam sido saqueados.

A população temerosa, protegida em suas casas, aguardava os acontecimentos.

Até o final do movimento 17 das 41 cidades do Estado caíram nas mãos dos comunistas.

Na madrugada de 27/11 os membros do Comitê Revolucionário que tinha deposto o governo após receberem do Recife a notícia sobre o fracasso do levante do 29º Batalhão de Caçadores e da resistência ao avanço dos comunistas em Currais Novos, retiraram-se da cidade e o governo reassumiu o poder.

Terminava assim o primeiro e único governo comunista no Brasil. O jornal "A Liberdade", editado pelos comunistas não chegou a circular.

Germano, jovem rapaz de 19 anos de idade, irmão de Lilita, subiu num caminhão com os militares e foi em perseguição aos comunistas. Vítima de um disparo nas nádegas, nunca conseguiu retirar o projétil, pois o mesmo se deslocava, na região glútea.

"Os brasileiros jamais poderão esquecer aqueles, a seguir citados, que tombaram em defesa da liberdade e de nossas Instituições. Em NATAL: 2º. Sargento Jaime Pantaleão de Moraes, Cabo João de Deus Araújo e Soldado PM Luís Gonzaga de Souza; em RECIFE: Tenentes José Sampaio Xavier e Lauro Leão de Santa Rosa e o Soldado PM Lino Victor dos Santos; no RIO DE JANEIRO: Tenente-Coronel Misael de Mendonça, Majores Armando de Souza e Mello e João Ribeiro Pinheiro, Capitães Danilo Paladini e Geraldo de Oliveira; Tenente Benedicto Lopes Bragança; 2º. Sargento José Bernardo Rosa; 3ºs. Sargentos Coriolano Ferreira Santiago, Abdiel Ribeiro dos Santos e Gregório Soares; Cabos Luís Augusto Pereira, Antônio Carlos Botelho, Alberto Bernardino de Aragão, Pedro Maria Netto, Fidelis Baptista de Aguiar, José Harmito de Sá, Clodoaldo Ursulano, Manuel Biré de Agrella e Francisco Alves da Rocha; Soldados Wilson França, Péricles Leal Bezerra, Orlando Henriques, Álvaro de Souza Pereira e Generoso Pedro Lima"(*)

Depois deste episódio meu tio Germano, tornou-se investigador de policia. Mais de 10 anos depois, eu atravessava a Avenida 2, hoje Avenida Presidente Bandeira, segurando na sua mão, quando ele mandou-me olhar em direção a uma mulher que estava do outro lado da rua. Olhei. Ele então me falou que foi na casa dela, que na época morava na Avenida 10, hoje Avenida Leonel Leite, onde encontrou grande quantidade de produtos provenientes dos saques, enterrados no quintal.

Nunca esqueci a fisionomia fechada e a pele do rosto manchada daquela mulher. A partir daí, comunista pra mim, tinha aquela cara...

(*) Gen. Ex. José Carlos Leite Filho (Publicado no DIÁRIO DE NATAL - O POTI), de 27/11/2005)



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