segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NOSSA PREOCUPAÇÃO


Por  Daisy Leite*
            
Apesar de termos em nosso sítio mangueiras: espada, rosa, coité, manguito, ouro, parenta de
rosa, ficávamos olhando com olhos gulosos aquelas deliciosas mangas rosa que o galho da
mangueira do sítio vizinho projetava no nosso quintal.
A ordem de mamãe era: se a manga caísse no nosso quintal, nós poderíamos chupá-la, mas
jamais derrubá-la com pedras ou usar a vara para derrubá-la. Eu não entendia o porquê, se o
galho dava todo para o nosso quintal, mas obedecia a ordem.
Ao longo da vida fui comprovando como essa e outras ordens ajudaram na formação da minha
personalidade, e me sinto feliz com a visão que tenho das coisas, o que me permite um
discernimento equilibrado nas minhas decisões, deixando a minha consciência em paz com o
mundo e comigo mesma.
 
As teorias da personalidade sempre foram discutidas na história da filosofia, sociologia,
antropologia e medicina geral, destacando-se um tronco ideológico segundo o qual os seres
humanos nascem iguais quanto à sua capacidade potencial.
 
Assim, as diferenças individuais seriam uma consequência da influência do meio sobre o
desenvolvimento da personalidade. Neste caso, a personalidade, a inteligência, a vocação e a
própria doença mental seriam atribuídas apenas aos fatores ambientais.
A ideia de buscar no ambiente os elementos que justificassem o comportamento da pessoa teve
ênfase com as teorias de Rousseau, segundo a qual era a sociedade quem corrompia o homem. Mas nessas teorias foi esquecida a totalidade das tendências humanas; assim, vemos, muitas vezes, pessoas que conviveram no mesmo ambiente apresentarem uma diversificação de personalidade, comprovando que pessoas que trazem em si um potencial corruptor, agindo sobre outros indivíduos sujeitos à corrupção, que costumávamos chamar de “Maria vai com as outras”, produzirem um efeito corruptível, independente de educação e classe social.

Outra concepção acerca da Personalidade é aquela segundo a qual a genética não estaria
limitada exclusivamente à cor dos olhos, dos cabelos, da pele, à estatura, aos distúrbios
metabólicos e, às vezes, às más formações físicas, mas determinaria também as peculiaridades
do indivíduo relacionar-se com o mundo: seu temperamento, seus traços afetivos etc..
             
Numa combinação desses dois elementos a ideia poderia ser conceituada como: 
"PERSONALIDADE É A ORGANIZAÇÃO DINÂMICA DOS TRAÇOS NO INTERIOR DO EU,
FORMADOS A PARTIR DOS GENES PARTICULARES QUE HERDAMOS, DAS EXISTÊNCIAS
SINGULARES QUE SUPORTAMOS E DAS PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS QUE TEMOS DO MUNDO,
CAPAZES DE TORNAR CADA INDIVÍDUO ÚNICO EM SUA MANEIRA DE SER E DE
DESEMPENHAR O SEU PAPEL SOCIAL".
No ser humano encontramos características universais da espécie, como a angústia, a ambição,
o amor, o ódio, o ciúme etc.. Mas cada um é diferente do outro quanto à essência humana.
Assim, ninguém ama ou odeia na mesma intensidade. Cada ser humano é único, mas todos
carregam consigo a indomável característica humana que é a perene vocação das pessoas em
querer destacar-se das demais. E a escolha do caminho para se realizar nessa vocação é o que
nos preocupa.
Vemos na sociedade várias pessoas que se destacaram, desde um “Beira Mar” a uma Madre
Teresa de Calcutá. Mas a nossa grande preocupação nos dias atuais é a deterioração de valores
na sociedade e qual será a consequência futura na juventude de hoje.
Considero um crime destruir o idealismo das pessoas, em particular dos jovens.
Desejo que quando desta vida me for, fique na memória da minha família e dos meus amigos
que não fui covarde, lutei pela vida, não compactuei com os corruptos, e jamais trai meus
valores morais, meu idealismo e minha pátria.
 
(*) Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Escritores;
Professora de Enfermagem da UFRN (Aposentada); Poetisa; Compositora.

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